terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Colação, censura e diploma


Colação de grau, dia de festa. Finalmente, o diploma. Se bem que agora não é mais obrigatório... mas a emoção é a mesma. Foram 4 anos de estudos, provas, trabalhos e o pior dos monstros: o TCC.

Quando tudo parecia que terminaria bem, de acordo com o protocolo de solenidade da colação de grau, um burburinho, um papel e uma caneta anunciavam que algo sairia dos planos.

Com a vontade de mostrar a indignação contra a não-obrigatoriedade do diploma para jornalistas, alunos do curso começaram a escrever um curto protesto, que seria lido na ocasião, não se sabe por quem nem como.

A princípio seria depois da homenagem aos pais, aproveitando o microfone para o discurso da turma. Ainda bem que não deu. Cortaria o momento carinhoso e familiar.

Então, no meio da cerimônia, alunos tentaram conseguir uma brecha para dar a sua palavra falando com autoridades na mesa solene, afinal, ao contrário do que disse o coordenador, não fomos comunicados de nada sobre a nossa colação, apesar de um e-mail enviado à professora responsável pelo curso.

Um desencontro de informação fez a turma de jornalismo se passar por desinteressada.

Depois da resposta: “sinto muito, não vou quebrar o protocolo”, a emoção da turma mudou. E agora?

Foi quando uma aluna de jornalismo acabou sendo chamada para fazer o juramento. Era o momento ideal. Com o papel na mão, foi ao púlpito, leu o juramento e emendou o protesto. O mestre de cerimônias quis impedir, quase arrancando o papel de sua mão. Mas ela continuou no microfone. A desobediência fez o mestre de cerimônias quase surtar, e ele pediu, então, para desligarem o microfone.

Sem som acústico, a aluna saiu do púlpito e gritou a última frase do protesto contra a lei que acaba com o diploma obrigatório para jornalistas. E a turma toda aplaudiu de pé, aos gritos de “fora a censura”, recebendo o apoio dos formandos de outros cursos de comunicação.

“Não precisava ter sido assim”, disse uma professora. “Não foi o momento correto”, disse outra. “Eu adorei e aplaudi muito, foi o momento de vocês”, disse, ainda, outra.

Acredito que a faculdade apoiaria o protesto, mas sair do “protocolo” em cima dá hora deu medo demais. Fugir do quadrado não pode. Pouco importou o que a gente queria dizer. O pior foi mudar o ritmo planejado da cerimônia.

Aliás, uma formanda surda pôde quebrar o protocolo agradecendo e entregando flores à vontade no final do evento.

Nós que ouvimos, enxergamos e falamos fomos censurados. Aliás, a turma sempre foi vista com maus olhos, mesmo havendo muitas notas 10 em TCCs. A gente falava demais. E nunca éramos ouvidos.

E assim, a festa de colação terminou. Diferente do protocolo. E um tanto polêmica. Vai ficar na memória. Tinha que ser turma de jornalismo!
 

3 comentários:

Jak disse...

Ai que orgulho de ter uma amiga revolucionária! =D

Anônimo disse...

Puxa... Era aberta ao público? Queria ter ido...
De qualquer forma, parabéns, Carol.
Beijo,
Rogério

Unknown disse...

Disse tudo e mais um pouco, Carol. Primor de texto!
Meus parabéns!

Beijos!